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  • Bel Leite - @relicariosdeideias

Quarentena: homeschooling, ou período sabático?

Esse texto é parte do texto "Em defesa da fogueira das caixas na Educação", escrito por mim em maio/20 e publicado no e-book organizado pela Claudia Ruas e por mim - "Precisamos priorizar as crianças: pandemia, Educação e infância" -, publicado pela editora "O Livreiro das Rosas" (Florianópolis/SC, 2020).


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O termo “homeschooling” é usado para designar uma forma de estudos alternativa à escola – em casa, mediada por alguém da família, ou que more com a criança.


E “período sabático” é a expressão comumente usada quando nos referimos a uma interrupção no tempo de trabalho de alguém – período, em geral, destinado a atingir algum objetivo específico.


Conversando recentemente num grupo de wpp com amigas, uma delas trouxe a questão: percebem que existe uma grande resistência quanto ao uso de ferramentas digitais como apoio/veículo pedagógico?


Creio eu que, em parte, é porque a maioria dxs educadorxs de hoje ainda não é da geração de nativas e nativos digitais.


Também porque o Brasil é muito vasto e desigual, e nem todxs têm bons acessos – quando trabalhei numa empresa de games educativos, nenhuma escola pública conseguia rodar nosso jogo, pois as máquinas e o sistema eram incompatíveis e subdimensionados.

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E isso leva, a meu ver, a um terceiro ponto: as empresas, para assegurar mercado, fazem coisas majoritariamente simplórias. E, assim, muito (não tudo, é claro!) do que está disponível no mercado digital na área Pedagógica é sofrível, e com uma concepção superada de ensino-aprendizagem:

-> sempre com respostas únicas que não acolhem o pensamento divergente;

-> com foco exclusivo nos resultados e não nos processos;

-> e tendo a pressa e a rapidez como pontos privilegiados sobre a reflexão e a construção de hipóteses... Entre outros problemas!

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Nesta quarentena, algumas escolas estão impondo Educação à Distância (EAD) às crianças, professoras e professores gravando aulas em casa, e enviando muitas tarefas, até com rigidez de prazo e cobranças – mas, afinal, de quem é a tarefa “do ensino formal”? Qual é a diferença da educação formal (da escola), para a educação informal (no contexto familiar e social)?


O que percebo?


Que essa tarefa não é da família; que a(o)s professora(e)s não têm conhecimento nem tecnologia para isso; que as crianças não têm instrumentos nem disciplina para isso; e que as famílias não têm condições apropriadas de criar essa rotina, tendo que acumular todo o cuidado com as crianças, o trabalho do funcionamento da casa, e o trabalho profissional agora instalado em home office...


Infelizmente, para mim, a ideia de as mães e os pais assumirem as tarefas escolares vai aumentar a dose de tensão que já reina hoje nas casas, e criar mais um fake: um vai fingir que ensina; e o outro vai fingir que aprende...


Por que não assumir que estamos num “período sabático” com as crianças em casa? Assim, a(o)s profissionais de educação, estando ou não como professores nas escolas, podem oferecer – como temos visto muito nas redes, junto de artistas e outros profissionais – subsídios às famílias para que:

-> ensinem outros saberes: como cuidar de si, do outro, da casa, das plantas, dos pets, da comunidade circunvizinha, do planeta etc.;

-> valorizem outras ações: mais paciência, escuta e olhar atentos, empatia, acolhimento e respeito às diferenças, cooperação, amor...;

-> oportunizem às crianças um mais amplo acesso à cultura – múltipla e plural!


Quem sabe isso não fosse melhor do que se preocupar com os “conteúdos atrasados”? Creio que assim teríamos mais chances de chegarmos ao final desse “sabático” mais sábia(o)s e irmanada(o)s. Será?



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